segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Superação (aulas 15/08 e 16/08)





Reflexão. Foi no que pensei quando assisti ao vídeo "O que é teatro?" As respostas dadas por atores, diretores e afins foram diversas: forma de expressão, individualidade, conteúdo, desmitificação, uma ligação com nossos ancestrais. Participação, acordo, desacordo, movimento.
Também foi definido como uma forma de contato ao vivo, com aprimoramento a cada apresentação, artesanal. É uma liturgia que lida com verdades, para falar mentiras.
É representação, diálogo, uma dúvida não respondida, acontecimento, interação. Por vezes é veneno, quando se 'vende', tornando-se produto comercial.
Houve ainda quem disse que é o encontro do homem com o homem, organização de elementos complexos, compartilhamento de momentos.
Mas duas palavras surgiram das bocas da maioria deles: comunhão e jogo. E acho que é o que mais se aproxima da definição de teatro, embora nenhuma seja verdade absoluta.

E creio que, na aula, definimos mais uma palavra que pode definir o que é teatro, pelo menos para nós nesse momento: SUPERAÇÃO (do latim superare - exceder, ultrapassar, ter como resultado mais do que se esperava).
Nas nossas discussões sobre qual peça encenar, ouvimos do Felipe que não devemos ter medo nem preconceitos com texto algum, pois são "apenas" palavras que, com nossa leitura, ganharão vida. O gostar e não gostar deve ser evitado, pois o que deve estar em pauta é o desafio proposto pelo texto. Houve até uma discussão (do latim discutere - debater, examinar, investigar) sobre medos e empenhos em peças mais fortes, sobre se poderíamos fazer mais, sobre nossas possibilidades de desenvolver mais.

Então, para demonstrar na prática como poderíamos superar nossos desafios, fizemos um exercício utilizando uma corda para, a princípio, verificar o tempo-ritmo (A construção da personagem, cap. XII - Tempo-ritmo no movimento, pág 249) da galera. Em um primeiro momento, pulávamos a corda uma vez e saíamos. Logo após, deveríamos passar pela corda sem pular.
Depois um exercício mais complexo foi proposto: deveríamos pular duas vezes e sair, sendo que o próximo a pular tivesse que entrar quando quem estava dentro tivesse dado apenas um pulo, ou seja, ficariam dois sob a corda em apenas um pulo (me fiz entender? rsrs).
Então, para finalizar, pulamos em grupo. Tinhamos que ficar sob a corda até a contagem de cinco pulos. Quem conseguisse primeiro,venceria. Utilizando a comunhão e o jogo, um dos grupos observou que era só se deixar levar e fazer, e conseguiriam vencer o exercício proposto.
Mas o que deveria ser relacionado ao tempo-ritmo, acabou revelando-se um exercício de superação, com direito a lágrimas e palmas, como um espetáculo deve ser. Esse exercício com a corda acabou que nos servindo para sabermos onde a "corda bate na gente", revelando cautela, afobação, agitação, medos e no final, superação, que foi a palavra que levamos para o restante da semana.

De certa forma, isso nos serviu para definirmos o nosso texto para esse semestre (REI LIAR, de William Shakespeare), porque vimos que não devemos ter medo da corda. Nem temer os textos. A complexidade das pessoas é muito grande para que palavras em um papel provoquem medo nelas.


"Seja como a água que, ao invés de tentar superar os obstáculos, os contorna e segue em frente" (autor desconhecido).

3 comentários:

  1. Legal Fábio, muito bem escrito, gostei! A mensagem final é muito sábia.

    Abs,
    Cadu

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  2. Fábio obrigada pela sensibilidade...ficou muito gostoso de ler essa experiencia.Ficará na memória... Beijo grande

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