quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Após a tempestade... Ou talvez, durante...

É muito comum em nossa sociedade o ato de criticar. Às vezes de forma explicita e outras implícitas, ambas são válidas (ao meu ver...). Porém não é comum elogiar. Pergunto: Por quê?! Ouso responder: nossa história é marcada por um profundo ar de autoridade. Nós brasileiros temos em nosso passado o escravagismo que encrustou em nosso inconsciente coletivo a figura do Senhor. Somos todos senhores, jamais criados.
Venho dando voz a fortes críticas ao nosso processo deste semestre e outros vêm tecendo grandes críticas à minha crítica, o que é muito válido, pois debatemos e podemos crescer dialeticamente. E minhas críticas vêm sendo pautadas no que tange ao ensino do teatro escola Macunaíma, na pessoa de Felipe Menezes, nosso professor deste semestre. Divergência de opiniões e não esclarecimentos do processo pelo professor, assim como a falta de explicações para as ações tomadas ou esperadas pelo mesmo.
Há uma semana atrás estive muito descontente com uma situação ocorrida em sala de ensaio. Algo que bem analisado é banal, porém um ator, ou melhor estudante de atuação, passa por uma carga psicológica muito grande, se expõe e muitas vezes é exposto.
Na segunda-feira desta semana, durante uma conversa com o grupo o professor Felipe Menezes utilizou a palavra "boicote", num sentido de que havia alguns atores mal-intencionados durante o processo. Senti que falava de certo modo a mim, e ao mesmo tempo me senti mal interpretado. Assim como devo ter sido mal interpretado por outros companheiros.
Venho então dizer que não há má-intenção ou a intenção de boicotar o processo, e minhas críticas não buscam degradar o ambiente, e sim refleti-lo, questioná-lo e quem sabe alterá-lo com a ação do conjunto.
Ontem, terça-feira, senti-me contemplado de alguma forma aos meus questionamentos e críticas. Com poucas palavras do professor senti uma direção mais clara do processo, algo que fará diferença em meus estudos, e creio que no estudo dos demais. Questões que eram negligenciadas ao meu ver, foram esclarecidas dando margem para uma criação pessoal. Hoje sinto que tudo que faço tem sentido e dentro desta possibilidade posso experimentar coisa que uma semana atrás não via maneira de fazer.
Gostaria de agradecer ao professor Felipe Menezes por uma aula de criação ontem proporcionada. E por mais simples que possa parecer foi uma das aulas mais importantes desse semestre, pelo menos para mim, meus anseios e minha sensibilidade criadora.
Refletindo a respeito de tudo isso só consegui chegar a conclusão relacionada ao teatro do absurdo: Quão prejudicial para nossa vida são os ruídos da informação!
Aposto que o professor tinha nítido o Superobjetivo da peça, e que tinha transmitido com precisão esta informação. Porém para mim, e acredito que para muitos, houve ruído nesta informação, impossibilitando um melhor desenvolvimento.
Outra conclusão que chego é que o Superobjetivo é algo crucial numa montagem, e no desenvolvimento do ator-criador-personagem. As marcações que antes eram absurdas agora passam a ter significados. E uma obra artística sem significado não pode ser arte!
Parabenizo o professor por ter conseguido identificar nossas dificuldades à tempo! E ouso apostar que a partir de agora o processo tome novos contornos. Contornos mais favoráveis à uma bela montagem.
Nada que uma bela e selvagem tempestade para limpar a alma...
(Lear não irá morrer!)
Filipe Rossi, Estudante de atuação.

Um comentário:

  1. Eu concordo com você sobre o superobjetivo e eu tinha uma intuição de que isso ia acontecer, de que o Felipe ia dar uma virada. Às vezes, a gente só precisa de um pouquinho de paciência que as coisas entram no eixo...estou bem feliz! :D
    E acho, sinto, que a união está crescendo...espero! :D

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